A história da fé do centurião, registrada em Lucas 7:1-10, é uma das passagens mais inspiradoras do Evangelho. Ela nos apresenta um exemplo concreto do que significa ser um verdadeiro discípulo de Jesus. Por meio das ações, da fé e da humildade desse centurião, podemos ver a prática viva de tudo aquilo que Jesus ensinou anteriormente. Além disso, essa história aponta para o próprio Jesus como o mais perfeito “Centurião,” que viveu cada uma dessas virtudes para nos resgatar.
No capítulo anterior, Lucas 6, Jesus havia ensinado os valores do Reino de Deus, como o amor aos inimigos, a generosidade desinteressada e a humildade. Ele também advertiu contra a hipocrisia, enfatizando que o verdadeiro discípulo não é apenas ouvinte da Palavra, mas aquele que a pratica. Nessa narrativa de Lucas 7, encontramos um homem que personifica esses ensinamentos: o centurião romano.
O centurião era uma figura incomum. Líder militar de cem soldados, ele era, a princípio, um representante dos opressores romanos, odiados pelos judeus por sua dominação e cobrança de impostos. Contudo, este homem transcendeu todas as expectativas de seu tempo e cultura. Apesar de sua posição, ele demonstrou um amor incomum, até mesmo pelos inimigos. Ele amava o povo judeu e provou isso ao usar seus próprios recursos para construir uma sinagoga para que eles tivessem um lugar de encontro com Deus.
Mas o amor do centurião ia ainda mais longe. Quando seu servo, um escravo que na época seria considerado descartável, adoeceu gravemente, o centurião buscou a ajuda de Jesus. Essa atitude era revolucionária, pois os escravos eram muitas vezes tratados como simples ferramentas, descartadas quando se tornavam inúteis. Contudo, o centurião viu o valor e a dignidade no seu servo, colocando o bem dele acima de qualquer coisa.
Outro ponto marcante dessa história é a fé impressionante do centurião. Ele havia ouvido falar sobre Jesus e creu em Sua autoridade de forma plena. Ele não pediu que Jesus fosse até sua casa, pois sabia que bastava uma palavra do Mestre para que a cura acontecesse. “Diga uma palavra, e o meu servo será curado” (Lucas 7:7). Esta demonstração de fé surpreendeu até o próprio Jesus, que declarou: “Eu digo a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé” (Lucas 7:9).
Aqui, o centurião nos ensina o que significa reconhecer a autoridade total de Cristo. Ele, sendo um homem acostumado ao poder, viu que a autoridade de Jesus ultrapassava qualquer esfera terrena. Ele reconheceu que Jesus não era apenas um profeta ou professor, mas o Senhor soberano sobre todas as coisas.
Além de sua fé, o centurião também revelou uma notável humildade. Mesmo sendo um líder militar respeitado, ele não se aproximou de Jesus com um senso de merecimento. Na verdade, ele enviou mensageiros dizendo: “Senhor, não te incomodes, pois não mereço receber-te debaixo do meu teto” (Lucas 7:6). Essa atitude contrasta fortemente com a religião legalista da época, que tendia a crer que Deus devia favores a quem obedecia à Lei.
O centurião permanece como um exemplo de um verdadeiro discípulo por várias razões. Ele amou de forma sacrificial, teve compaixão pelos necessitados, reconheceu a autoridade de Jesus, foi generoso com seu tempo e recursos e cultivou uma humildade genuína diante de Deus. Todas essas características o destacam como alguém que viveu os valores do Reino de Deus de forma prática e profunda.
Essa narrativa de Lucas 7 também aponta diretamente para o próprio Jesus. Assim como o centurião intercedeu por seu servo, Jesus intercede por nós. Ele nos ama incondicionalmente, mesmo quando éramos inimigos de Deus (Efésios 2:1-10). Ele é generoso e humilde, pois, sendo Deus, se despojou de Sua glória para se tornar servo e se entregar por nós (Filipenses 2:5-11). Da mesma forma que o centurião buscou a cura de seu servo, Jesus toma sobre Si nossas enfermidades, nossas culpas e nosso pecado, carregando o castigo que nos traz a paz e nos cura por Suas feridas (Isaías 53:4-5).
Jesus é o verdadeiro e perfeito Centurião. Ele viveu o que ensinou e nos chama a fazer o mesmo. Ele amou Seus inimigos, serviu aos que não tinham nada a oferecer em troca, investiu na edificação de um novo templo em nossos corações e buscou bênçãos não para Si, mas para nós. Ele nos mostrou, por meio de Sua vida e morte, o que significa ser um verdadeiro seguidor de Deus.
Assim, o exemplo do centurião e de Cristo nos desafia a refletir: como temos vivido nossa fé? Temos amado aqueles que nos odeiam? Demonstrado compaixão por quem não pode nos retribuir? Depositado nossa confiança na autoridade de Jesus? Nos aproximado de Deus com humildade, reconhecendo que tudo é obra da Sua graça?
O verdadeiro discípulo é aquele que imita Cristo em palavras e ações. A história do centurião nos inspira a viver segundo os valores do Reino, praticando um amor que ultrapassa barreiras, demonstrando generosidade e compaixão, e confiando plenamente em Jesus, o nosso Senhor.
Afinal, o verdadeiro discípulo é, acima de tudo, aquele que segue o exemplo de Jesus!